terça-feira, 12 de novembro de 2013

Cientistas 'revivem' planta da Era do Gelo

Sementes preservadas pelo gelo da Sibéria geraram duas gerações de plantas férteis. Descoberta abre caminho para regeneração de espécies extintas

Cientistas fizeram 'reviver' uma planta que existiu durante a última Era do Gelo. O trabalho foi realizado por uma equipe de pesquisadores da Rússia e publicado no periódico PNAS. Os pesquisadores da Academia de Ciências Russa selecionaram sementes da espécie Silene stenophylla armazenadas por esquilos há mais de 30.000 anos. Elas foram encontradas nopermafrost siberiano. Apesar de a espécie não ter sido extinta — a S. stenophylla ainda existe na Sibéria — trata-se da planta mais velha já regenerada. O recorde anterior era de uma palmeira cultivada a partir de sementes com 2.000 anos de idade.
Os pesquisadores encontraram 70 tocas de esquilos entre 20 e 40 metros abaixo da cobertura de gelo do permafrost. Elas estavam rodeadas de ossos de mamutes e outras criaturas. Algumas tinham milhares de frutas e sementes preservadas pelo ambiente frio e seco. Outros cientistas já haviam tentado regenerar plantas a partir de sementes preservadas pelo gelo, mas as experiências não deram certo. As sementes germinavam, mas morriam em seguida.

S. Yashina et al. / PNAS
Planta pré-histórica
Planta pré-histórica foi regenerada a partir de sementes preservadas
Os pesquisadores russos recolheram amostras de tecido da placenta de exemplares modernos da espécie S. stenophylla. Esse tecido é responsável por segurar as sementes no interior dos frutos. Os pesquisadores uniram as sementes preservadas pelo gelo com o tecido das plantas atuais. A técnica permitiu o crescimento e desenvolvimento de plantinhas geradas a partir das sementes que foram encontradas congeladas na Sibéria. De acordo com a equipe russa, elas são o mais velho organismo multicelular vivo da Terra.

As plantas já produziram sementes férteis, que cresceram em uma segunda geração de plantas também férteis. A versão antiga da S. stenophylla produziu mais brotos, mas demorou mais para se enraizar do que suas descendentes modernas. Os pesquisadores supõem que a planta antiga era mais adaptada ao ambiente extremo da última Era do Gelo. A pesquisa abre caminho para que outras espécies antigas sejam regeneradas, inclusive as extintas.

Durante a Era do Gelo, o Hemisfério Norte era coberto por campos áridos e frios, por onde vagavam mamutes e rinocerontes lanudos. O ecossistema desapareceu 13.000 anos atrás e não há nada parecido atualmente. Os autores do estudo acreditam que é possível encontrar tecido de plantas ainda mais antigas, revelando as mudanças evolutivas em uma linha do tempo maior, ajudando os cientistas a entender a ecologia de períodos como a última Era do Gelo.

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